Miss Rio de Janeiro, é um tradicional concurso de beleza feminino realizado anualmente para selecionar a melhor representante do Estado para o Miss Brasil, único caminho para o Miss Universo. Até chegar a essa denominação, o concurso já foi intitulado de "Miss Distrito Federal", "Miss Estado do Rio" e "Miss Guanabara". Sob a atual nomenclatura, o Rio de Janeiro possui apenas dois (2) títulos, obtidos consecutivamente em 1980 e em 1981, respectivamente com a macaenseEveline Schroeter e a gaúchaAdriana Oliveira. Atualmente é coordenado pela promotora de eventos Juliane Oliveira da JO Art Produções & Eventos.
As classificações obtidas pelas cariocas nascidas no extinto estado da Guanabara e como Miss Distrito Federal (1891–1960) entram na contagem de pontos no ranking do Miss Brasil para o estado do Rio de Janeiro.
Apesar de nascida em Teresópolis, Aniko não conseguiu comprovar sua nacionalidade brasileira pois não tinha a certidão de nascimento. De posse desta informação, os Diários Associados e o jornal "O Estado" (promotor do concurso) resolveram retirar o título de Aniko e transferí-lo para a Miss Niterói, Ely de Azevedo Pires que havia ficado em segundo lugar.
Oficialmente, aos jornais da época, alegaram a desistência de Aniko por "enfermidade" e "problemas de família", mais precisamente: "recomendação médica para que se abstenha de esforços físicos e emoções fortes pelo prazo mínimo de sessenta dias". Segundo o regulamento do concurso promovido pelos "Diários Associados" sob o patrocínio exclusivo de Organdi-Paramount que estatui no item de nº 14: "Se, por motivo de força maior, a vencedora em qualquer Estado ou Território não puder viajar para as semi-finais no Rio e São Paulo, deverá comparecer a segunda colocada. Proceder-se-à de acordo com o mesmo critério no caso de Miss Brasil ficar impedida, por qualquer motivo de seguir para os Estados Unidos".[36]
Em cerimônia na TV Tupi, no dia 3 de Junho de 1956, Ely foi empossada pelo senhor Rubens Falcão, secretário de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
Carta de Aniko
Aos jornais da época, e a comissão organizadora do concurso, Aniko escreveu e divulgou sua carta de renúncia:
“
Tendo sido realizado em a noite de 26 de maio p.p.. no Ginásio Caio Martins de Niterói, o concurso que elegeu a mais bela representante fluminense, resolveram os membros que compuseram o júri, honrar-me com o título de "Miss Estado do Rio", fato este que, inegavelmente, proporcionou-me uma das maiores alegrias de minha vida.
Todavia, os dias corridos de então para cá, não foram somente de satisfações, como deveriam ser, eis que, imprevistos relacionados com a minha vida particular e a de minha família, e ainda, atendendo ao conselho do médico de nossa família, forçaram-me a, pesarosamente, vir, por intermédio desta, renunciar ao título me foi conferido de "Miss Estado do Rio".
Nestas condições, ao apresentar minhas desculpas, ofereço por seu intermédio, à distinta Comissão Organizadora do Concurso no Estado do Rio de Janeiro, a faixa que tive estremada honra de vestir, para quem de direito, oferecendo outrossim, os meus mais sinceros agradecimentos. Se tal decisão e os seus motivos, puderem por intermédio ainda de V. Excia.. chegar ao conhecimento da Comissão Organizadora do Concurso no Estado do Rio, setir-me-ia sinceramente agradecida.[36]
”
A Origem de Aniko
Na 1ª seção do jornal "Diário da Noite" do dia 29 de Maio de 1956, Anikko declarou:
“
Nasci em Teresópolis a 23 de janeiro de 1938, de pais húngaros.[37]
”
Seu depoimento desmentiu os boatos que um grupo de pessoas vinham espalhando pelas emissores radiofônicas e redações de jornais, segundo os quais seria estrangeira. As controvérsias nasceram, segundo Anikko ainda em seu depoimento ao jornal, devido ao fato de ela ter seguido para a Europa com menos de um ano de idade, pois com o advento da II Guerra Mundial, seu pai fora chamado à prestar serviço no exército húngaro.
Aniko vivenciou a guerra ora em Budapeste, ora em Bogoté, onde a família possuía uma fazenda. Daquela época, ela declarou que apenas guardava os bombadeiros aéreos como recordação. Ficou feliz ao reencontrar o pai, ao término da guerra, alojado na Áustria. A família deixou a Hungria em 1945, seguindo para Salzburg, na Áustria onde se juntou ao seu pai, Ladislau Csettkey. Rumaram para Lausanne, na Suíça, passararam pela Itália e em 1947 vieram de navio para o Brasil. Aqui, alocaram-se no Rio de Janeiro e pouco depois, em Teresópolis.
“
Uma coisa posso dizer que lucrei destes anos tumultuosos: aprendi o alemão na Áustria, o francês na Suíça e o italiano, na Itália. Assim, quando aportei no Brasil não tive dificuldade em falar o português, idioma que dominava em poucos meses.[37]
”
Falando sobre os motivos que determinaram o abandono da Hungria por seus pais, Aniko explicou que a família o fez devido ao regime totalitário imposto à Nação, uma vez que seu pai, coronel do Exército húngaro, também se tinha batido contra os comunistas.
Após perder o título, Aniko entrou legalmente na justiça alegando sua nacionalidade e alterou seu sobrenome, para que não restasse dúvidas de que era mesmo brasileira, e passou a se chamar "Aniko Santos".
Miss Guanabara
A candidata tornou-se Miss Brasil.
A Miss Rio de Janeiro renunciou ao título estadual.