Plínio Barreto
Plínio Barreto (Campinas, 20 de junho de 1882 — 28 de junho de 1958) foi um advogado. jornalista, escritor, editor e político brasileiro.[1] BiografiaFormado, em 1902, na Faculdade de Direito de São Paulo, dedicou-se também ao jornalismo, área em que começou a atuar com apenas 14 anos,[2] no jornal O Estado de S. Paulo, onde trabalhou como revisor até 1898, ano em que passa a ser redator. Depois de alguns anos atuando como advogado e jornalista na cidade de Araras, no interior de São Paulo, logo após adquirir a publicação Comércio de S. Paulo, retornou à capital e manteve a seção "Crônicas Forenses",[1] em que escrevia sobre questões jurídicas e os principais julgamentos do Tribunal de Justiça. Mais tarde, em 1912, esses textos seriam reunidos em um livro publicado com o mesmo nome. Plínio atuou também nas publicações Diário de S. Paulo, Revista Nova e na publicação mensal Revista do Brasil, da qual, a pedido de Júlio Mesquita, ajudou a reunir um grupo de colaboradores para escrever sobre cultura. Em fevereiro de 1912, fundou a Revista dos Tribunais, inspirada em sua coluna no Estado de S. Paulo.[3] Lançada em 25 de janeiro de 1916, Plínio atuou como redator-chefe na Revista do Brasil até meados de 1918, quando esta passou a ser coordenada por Monteiro Lobato. Sob sua administração, intelectuais renomados, como Roquette Pinto, Oliveira Viana e Medeiros de Albuquerque, contribuíram com a publicação.[1] Paralelamente aos seus trabalhos, Plínio Barreto atuou como crítico literário, sendo que parte de suas contribuições resultaram em uma publicação póstuma, de 1958, com o nome de Páginas Avulsas.[2] Em 21 de dezembro de 1918, o jornalista é eleito membro do Conselho do Instituto da Ordem dos Advogados de São Paulo com grande fama na capital e apoio dos donos do jornal em que atuava, inclusive de Júlio de Mesquita, que após sua morte deixaria o posto para seu filho, Júlio Mesquita. Este último concederia à Plínio o posto de diretor a partir de 1933.[4] Ainda atuando na área do Direito, em 1924, Plínio se engajaria na defesa de atores dos movimentos tenentistas, que entre 1920 e 1924 realizaram diversos levantes contra o governo brasileiro.[5] Por isso, ele seria considerado patrono da Revolução Paulista, como afirmou o General José de Souza Carvalho.[6] Contudo, sua atuação na Revolução Constitucionalista de 1932 seria ainda maior. Durante o governo de poucos dias do general Hastínfilo de Moura, logo após a vitória da Revolução de 1930, Plínio foi designado secretário de Justiça e Segurança Pública, mantendo-se no cargo mesmo após o fim do governo de Hastínfilo. Com a crise entre as elites políticas cada vez mais aguda em São Paulo e o governo federal, José Maria Whitaker, indicado à chefe do governo paulista, deixaria o cargo em pouco tempo para assumir o Ministério da Fazenda, sendo substituído, então, por Plínio Barreto, que ocupou o posto de governador provisório do estado entre 6 a 25 de novembro de 1930.[1] Logo após esse período, João Alberto Lins de Barros, um dos líderes da revolução, assumiria o posto de interventor federal em São Paulo,[7] ainda sob pressão e oposição aos desejos das elites paulistanas de grandes greves operárias que resultaram em concessões por parte de Lins de Barros, como aumento de 5% nos salários e a redução do número de horas de trabalho para 40 por semana.[8] Até 5 de dezembro de 1930, Plínio voltaria ao cargo de secretário de Justiça até a renúncia coletiva do secretariado. Como forma de conter o cenário em ebulição no estado de São Paulo, Osvaldo Aranha, Getúlio Vargas e o próprio João Alberto decidiram pela exoneração do último do cargo de interventor e pela indicação de Plínio Barreto, como parte do plano para angariar apoio do Partido Democrático, uma vez que o jornalista contava com a aceitação de associações agrícolas, comerciais e industriais, além do Instituto dos Advogados e de diversas entidades empresariais. Contudo, a cogitação de seu nome foi vista com desconfiança por setores mais radicais de São Paulo, entre eles o chefe da Legião Revolucionária e comandante da Força Pública, Miguel Costa, que contava com o apoio de diversas autoridades federais. Assim, em 23 de julho, Barreto desistiria do cargo,[4] enquanto João Alberto seria exonerado no dia seguinte (24). A interventoria, então, seria assumida por Laudo Ferreira de Camargo e, depois, Manuel Rabelo.[7] Plínio Barreto apoiou o movimento constitucionalista de São Paulo e conclamou como primeiro presidente provisório do Instituto dos Advogados de São Paulo,[9] em 1932, pelo rádio, que colegas também aderissem ao movimento que seria derrotado tempos depois, levando à sua prisão, em outubro, no Rio de Janeiro, por, além de apoiar a organização contra o Governo Federal, ter assumido a chefia do Serviço de Publicidade da Revolução Constitucionalista, também conhecido como "serviço de censura das forças paulistas". Contudo, saiu em liberdade poucos dias depois e retornou à sua cidade natal para prosseguir suas atividades como advogado e redator-chefe do jornal O Estado de S. Paulo até 1940, quando o governo federal interveio de forma mais direta na redação.[1] Para manter-se em oposição ao governo de Getúlio Vargas, Plínio começou a colaborar com o Diário de São Paulo, pertencente à cadeia de publicações do empresário Assis Chateaubriand, levando as colunas "Livros novos" e "Crônicas Forenses".[1] Cinco anos mais tarde, elegeu-se deputado federal à Assembleia Nacional Constituinte, pela legenda do partido União Democrática Nacional (UDN), onde participou ativamente da elaboração da nova Constituição.[10] Nessa época, também foi vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça, além de presidente da comissão de inquérito sobre atos delituosos da ditadura militar de 1964. Entre suas atuações, colaborou para a legislação trabalhista e, também, elaborou um projeto de lei propondo a equiparação da mulher do homem frente ao direito civil.[1] Em 1947, foi derrotado em sua candidatura à vice-governança do estado de São Paulo – para trabalhar em conjunto com Ademar de Barros, eleito governador em janeiro –, apesar do do apoio expressado pela UDN[11] e, também, pelo Partido Socialista Brasileiro. Neste ano, Luís Gonzaga Novelli Júnior, genro do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, obtinha o apoio de Ademar e do Partido Social Progressista, foi eleito[12] e Plínio retorna à Câmara até o final de seu mandato em janeiro de 1951. Ao fim de sua vida, retornou à chefia da redação d'O Estado de S. Paulo e à advocacia, em 1951. Ele também foi eleito por unanimidade a Academia Paulista de Letras a cadeira de número 21, em junho de 1958, mesmo depois de ter recusado a indicação, mas não tomou posse de sua cadeira por ter falecido dia 28 de junho do mesmo ano.[11] Plínio Barreto publicou, além de Crônicas Forenses, conferências, artigos e ensaios sobre temas políticos, jurídicos e literários, entre eles: Cem anos de cultura jurídica no Brasil (1922), Injúrias impressas (1924), O acontecimentos de julho de 1924 (1925), Questões criminais (1927), O público (1931), Um paranoico de grande tomo (1932) e O convento de São Francisco e a Faculdade de Direito de São Paulo (1933).[1] Referências
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