Revisões sistemáticas de estudos clínicos controlados de tratamentos quiropráticos não encontraram evidência de eficácia para qualquer condição médica, com a possível exceção do tratamento para dor nas costas.[5]
As técnicas de tratamento mais comuns consistem em terapias manuais, principalmente em manipulação vertebral, manipulação de outras articulações e manipulação de tecidos moles.[6] Os fundamentos da quiropraxia incluem conceitos pseudocientíficos como "subluxação vertebral" e a "inteligência inata".[5][7][8][9][10]
Uso na Medicina
Têm sido realizados numerosos estudos clínicos controlados sobre os tratamentos usados por quiropráticos, com resultados contraditórios entre si.[5] As revisões sistemáticas da literatura não encontraram evidências de que a manipulação quiroprática seja eficaz, exceto talvez do tratamento para a lombalgia.[5] Uma avaliação crítica da literatura verificou que, no seu conjunto, a manipulação vertebral não era eficaz no tratamento de qualquer condição.[11] Desconhece-se a eficácia e relação custo–eficácia dos cuidados quiropráticos.[12] Embora a manipulação vertebral possa ter uma boa relação custo-eficácia para a lombalgia sub-aguda ou crónica, os resultados para lombalgia aguda são ainda insuficientes.[13] Alguns alegam que não há dados suficientes que permitam determinar a segurança das manipulações quiropráticas.[14] Estas manipulações estão frequentemente associadas com efeitos adversos ligeiros a moderados, sendo raros os casos de complicações graves ou fatais.[15] No entanto, existe alguma controvérsia sobre o grau de risco de dissecção da artéria vertebral por manipulação quiroprática, o que pode causar AVC e morte.[16] Têm sido associados a esta técnica vários casos de morte[15] e tem sido sugerido que a relação é causal,[17][18] embora essa causalidade seja contestada por vários quiropráticos.[18]
Epidemiologia
A quiropraxia é uma prática com significativa implantação em alguns países desenvolvidos e muitas vezes no contexto de outras técnicas manuais de terapia, como massagens, osteopatia e fisioterapia.[19] A maior parte da procura por tratamentos quiropráticos deve-se a dorsalgia.[20] Os quiropráticos afirmam ser especialistas no tratamento de dores nas costas e do pescoço, embora muitos quiropráticos se proponham tratar outras condições para além do sistema músculo-esquelético.[5] Muitos quiropráticos descrevem-se a si mesmos como prestadores de cuidados de saúde primários,[5][21] embora a formação de quiropraxia não contemple as exigências de tal classificação,[4] pelo que o seu papel é limitado e contestado.[4][21] Os quiropráticos dividem-se em dois grandes grupos: os que dão ênfase ao vitalismo, à "inteligência inata" e que consideram as subluxações vertebrais a causa de todas as doenças, atualmente em minoria; e os que estão abertos a práticas de medicina convencional, como exercício físico, massagem ou terapia de gelo.[22]
História
A quiropraxia foi fundada na década de 1890 por Daniel David Palmer,[23] alegando que a tinha recebido de "outro mundo".[24] Palmer era um magnetoterapeuta, que acreditava que a manipulação da coluna vertebral seria capaz de curar doenças.[25] A prática foi desenvolvida pelo seu filho, Bartlett Joshua Palmer, no início do século XX.[23] Ao longo da sua história, a prática foi sempre controversa.[26][27] Apesar das evidências incontestáveis de que a vacinação é uma intervenção eficaz de saúde pública, existem entre os quiropráticos divergências significativas sobre o tópico,[28] o que contribui de forma negativa tanto para a saúde pública como para a aceitação dos quiropráticos pela comunidade médica.[29] Em 1966, a Associação Médica Americana classificou a quiropraxia como um "culto não científico".[30][21] No entanto, a quiropraxia possui membros organizados politicamente que têm lutado ativamente em prol da sua aceitação pública. Em décadas recentes, a prática tem obtido alguma aceitação entre médicos convencionais e entre seguradoras nos Estados Unidos.[21]
Sua organização e fundação foi realizada por Daniel David Palmer, em Davenport, Iowa nos Estados Unidos da América no ano de 1895,[31]
No ano de 2005 houve um encontro entre quiropraxistas e outros profissionais da saúde promovido pela OMS na província da Lombardia, Itália, a fim de formar um documento que preconiza a prática da profissão, onde nasceu o WHO guidelines on basic training and safety in Chiropractic, servindo como base para regulamentação da profissão em países membros da OMS, como é o caso do Brasil.[32]
Quiropraxistas (com formação de nível superior) desde 2013.[37]
Em Portugal
Em Portugal a quiropraxia está enquadrada no ordenamento jurídico como profissão da área da saúde através da portaria nº 2017-D/2014 de 8 de outubro, não existindo, no entanto, nenhuma formação na área no país.[38]
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