Cagu
O cagu[4] (Rhynochetos jubatus[5]; em francês denominada kagou huppé[6] ou cagou[7]; em inglês e alemão: kagu, seu nome nativo)[2][3][5] é uma ave da família Rhynochetidae, endêmica da ilha de Grande Terre, no arquipélago da Nova Caledônia; situado na Melanésia, Oceania; sendo sua ave nacional e adotada como emblema em sua terra[8][9], habitando densas florestas de montanha entre os 100 a 1.400 metros de altitude.[5][7] Foi classificada em 1860, por Verreaux & Des Murs[2], e está listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie em perigo[5], sendo muito abundante no passado[4] e quase extinta, no século XIX, por suas penas de crista, apreciadas pelos criadores de extravagantes chapéus femininos dos anos c.1870–1910[9], além de ter seu habitat ameaçado por espécies invasoras.[8] TaxonomiaEsta é a única espécie atual da monotípica família Rhynochetidae e do gênero Rhynochetos[10], acrescido da extinta Rhynochetos orarius[7]; antes pertencentes aos Gruiformes[9] e atualmente colocadas na ordem Eurypygiformes, juntamente com o pavãozinho-do-pará.[11] Possui "calos nasais", estruturas que cobrem suas narinas e que não são compartilhadas por nenhuma outra ave. Tais estruturas deram à espécie o seu nome genérico, Rhynochetos, que é derivado do grego: rhyno, que significa nariz, e chetos, que significa milho.[7] DescriçãoTrata-se de uma espécie de coloração uniforme, semelhante a uma garça e do tamanho de uma galinha (cerca de 50 centímetros), com plumagem cinza-pérola-esbranquiçada (conhecida localmente como o "fantasma da floresta"), pernas e bico laranja-avermelhado, ligeiramente curvo, e olhos de íris vermelha; com uma crista em sua cabeça, similar à de uma cacatua, e com listras enegrecidas nas pontas de suas asas. Suas penas formam um pó, que limpa e impermeabiliza o cagu em seu habitat úmido e insular.[4][8][9][7][10][12][13][14]
VocalizaçãoCom uma variedade de notas ásperas e estridentes[10], os sons feitos pelo cagu podem ser ouvidos a mais de um quilômetro de distância[8] e são diferentes para os machos e fêmeas, podendo lembrar um canto de galo ou o latido de um cão; mas a vocalização da fêmea é mais curta e rápida que a do macho. Pares cantam um dueto, no início da manhã, para avisar outras aves de seu território, podendo durar, tais avisos, até 15 minutos. Também assobiam e fazem sons suaves e estridentes.[9] Nidificação e reproduçãoO comportamento nupcial destas aves envolve um elaborado pavonear, com o levantar de suas cristas e com movimentos de asa semelhantes a uma capela. Os cagus são monogâmicos e, apesar de defenderem o seu território em conjunto, macho e fêmea podem passar a maior parte do tempo sozinhos, criando apenas um filhote por ano, que nasce a partir de de um ovo com manchas marrons-claras em um ninho constituído de um montículo de folhas de 10 milímetros de espessura, no solo; com pai e mãe se reunindo para compartilhar as tarefas de incubação e nidificação. Após mais de um mês de incubação, o ovo eclode e o filhote, com os olhos fechados, não se desloca até os três dias de idade; parecendo diferente de seus pais, dotado de penas castanho-claras e castanho-escuras para se camuflar contra a folhagem do chão da floresta. Os pais alimentam seus filhotes até as 14 semanas de idade, podendo estes permanecer no território por até seis anos.[9][10] Alimentação e hábitosO cagu tem asas, mas só consegue voar uns poucos metros[4] (pois falta-lhe a musculatura para voar)[7], preferindo viver sempre no solo, em bandos soltos, muitas vezes perto de riachos; sendo um animal solitário e predominantemente diurno, predando e se alimentando de insetos e suas larvas, aranhas, lacraias, milípedes, moluscos, vermes e lagartos; fazendo escavações rasas na serrapilheira e entre rochas em busca de seus alimentos. Possui a característica de se mover rapidamente para, em seguida, permanecer em pé, imóvel. Escolhe um lugar para habitar, no solo, naturalmente protegido por rochas ou sob raízes de árvores, em buracos e bancos de terra. Geralmente se empoleira em galhos baixos ou troncos, mas também usam raízes elevadas ou pedras para locais de repouso.[9][10][15] Eles são altamente territoriais, participando de confrontos, por vezes ferozes, acompanhados de gritos estridentes.[8]
ConservaçãoO cagu experimentou um declínio em seus números populacionais durante os anos 1900, principalmente devido à predação por espécies invasoras, como cães e gatos, perda de seus ovos por porcos e ratos e também perda de habitat pela expansão humana e caça; agora listado em perigo, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).[5][8][9] Uso humanoSua carne é considerada de excelente qualidade para a alimentação humana.[4] Cagu-das-terras-baixasUma segunda espécie 15% maior e extinta, no gênero Rhynochetos, o cagu-das-terras-baixas (em inglês: lowland kagu; Rhynochetos orarius), foi descrita a partir de restos de subfósseis do Holoceno, encontrados na costa oeste de Grande Terre (na caverna Pindai). O holótipo está no Museu Nacional de História Natural, em Paris. O específico epíteto vem do latim orarius (da costa), vindo de sua presumível distribuição em terras de baixa altitude, ao contrário de seu congênere, Rhynochetos jubatus.[7][17] Referências
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