As eleições estaduais na Paraíba em 1955 aconteceram em 3 de outubro como parte das eleições gerais em nove estados cujos governadores exerciam um mandato de cinco anos. Neste caso foram eleitos o governador Flávio Coutinho e o vice-governador Pedro Gondim.[1][nota 1] Ressalte-se que o percentual obtido por Flávio Coutinho jamais foi superado na história paraibana.[nota 2]
Natural de Pilar, o médico Flávio Coutinho graduou-se em 1907 pela Universidade Federal da Bahia e exerceu sua profissão em Belém antes de retornar à Paraíba onde se estabeleceu como usineiro à frente da Usina Santa Rita. Correligionário de Epitácio Pessoa, foi prefeito de Itabaiana por breve período. Em 1924 foi eleito deputado estadual, porém renunciou ao ser escolhido segundo vice-presidente do estado no governo João Suassuna. Eleito deputado federal, teve o mandato extinto pela Revolução de 1930.[2] Durante o Estado Novo, integrou o Conselho de Administração e presidiu o Departamento Administrativo da Paraíba, a Associação Comercial do estado e o Sindicato da Indústria do Açúcar, o qual fundou. Prócer da UDN paraibana ao lado de José Américo de Almeida e Argemiro de Figueiredo, presidiu o diretório estadual da legenda e foi eleito deputado estadual em 1947 figurando como suplente de deputado federal no pleito seguinte. Eleito governador em 1955 para um mandato de cinco anos, licenciou-se do cargo para tratamento de saúde e por fim renunciou.[3][nota 3][nota 4]
A eleição para vice-governador foi decidida em prol do advogado Pedro Gondim. Nascido em Alagoa Nova e diplomado na Universidade Federal de Pernambuco em 1938, ingressou no PSD nos agonizes do Estado Novo elegendo-se deputado estadual em 1947, 1950 e 1954, mandato do qual se licenciou para assumir a Secretaria de Agricultura no governo José Américo de Almeida.[4] Eleito vice-governador na condição de candidato único em 1955, assumiu o governo em 1958 por conta da licença que o governador Flávio Coutinho solicitou para tratamento de saúde e foi governador interino até renunciar a fim de concorrer ao executivo estadual em 1960.[5][nota 5]
O advogado criminalista Renato Teixeira Bastos foi o candidato oposicionista,[6] pelo Partido Social Trabalhista, modesto partido de esquerda.[7][1] Sem possibilidades de vitória contra a poderosa coligação de Coutinho,[8] foi tido como uma opção de protesto.[7][9] Apesar disto, foi bem votado em João Pessoa (6.875 contra 12.369), Santa Rita (2.089 contra 2.977) e Mamanguape (1.940 a 5.276).[nota 6][10][11] Juntos os três municípios lhe renderam 10.904 votos, mais da metade do que recebeu ao todo: 19.251.[10] Como jurista, Renato Bastos esteve presente quando da instalação do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, em 1945,[12] fazendo parte da composição do tribunal daquele ano.[13] Também atuou no jornalismo.[14] É nome de rua em João Pessoa. Conforme Marcus Odilon (2000), naquela eleição concorriam "dois grandes paraibanos".[15] Votos brancos foram 37.425 e nulos 2.859 (somados: 40.284), quantia considerada alta.[10]
Resultado da eleição para governador
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral houve 199.479 votos nominais (97,53%), 37.425 votos em branco (0,75%) e 2.859 votos nulos (1,69%), resultando no comparecimento de 239.763 eleitores.
Conforme mencionado acima, a eleição para vice-governador teve candidato único. Foram apurados também 56.890 votos em branco (23,74%) e 2.721 votos nulos (1,13%), resultando no comparecimento de 239.763 eleitores.
↑Os governadores eleitos em 1947 terminaram os mandatos junto com o presidente Eurico Gaspar Dutra, e a partir de então os estados de Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina fixaram em cinco anos o mandato de seus governadores na ausência de uma vedação constitucional, sendo que Goiás aderiu à regra do quinquênio em 1960.
↑A cidade de Itabaiana mencionada nesta página é a que fica na Paraíba, não a cidade homônima que fica em Sergipe.
↑O cargo de vice-presidente equivalia ao de vice-governador do estado.
↑O governo interino de Pedro Gondim durou de 4 de janeiro de 1958 a 18 de março de 1960, assim o poder foi entregue ao deputado José Fernandes de Lima, presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, quando o governador Flávio Coutinho renunciou ao cargo meses depois.
↑Rio Tinto pertencia a Mamanguape. Seria emancipado no ano seguinte.
Referências
↑ abcdBRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1955». Consultado em 24 de maio de 2024
↑ abMONTEIRO, José Marciano. "A política como negócio de família: os herdeiros e a força dos capitais no jogo político das elites da Paraíba (1985-2015)." (2016). UFCG. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/handle/riufcg/122