José Hermano Saraiva GCIH • GCIP • ComNSC (Leiria , Leiria , 3 de outubro de 1919 – Palmela , Palmela , 20 de julho de 2012 )[ 1] foi um advogado , divulgador histórico, professor liceal, político, diplomata e comunicador televisivo português . Ocupou o cargo de Ministro da Educação entre 1968 e 1970, num período conturbado da vida política nacional.[ 2] [ 3] [ 4] [ 5] É descrito frequentemente como o Príncipe dos Comunicadores pelo seu trabalho em prol da história, da cultura, da literatura e da televisão, de acordo com a homenagem póstuma prestada na Assembleia da República Portuguesa .
Biografia
Nasceu a 3 de outubro de 1919 no n.º 11 da Calçada de Santo Estêvão, na cidade, freguesia e concelho de Leiria , quarto filho de José Saraiva [ 6] (1881–1962), um professor do ensino liceal, agnóstico e de formação positivista , e de sua mulher (casados em Lisboa , em 8 de novembro de 1913) Maria da Ressurreição Baptista (Donas, Fundão, 9 de março de 1883 — Mercês, Lisboa, 18 de agosto de 1961), uma católica devota.[ 7] [ 8]
Viveu até ao início da adolescência em Leiria , onde chegou a frequentar o Liceu Rodrigues Lobo , onde o pai era professor e chegou a ser reitor. Por volta dos 12 anos mudou-se para Lisboa , onde prosseguiu os estudos no Liceu Passos Manuel (o seu pai fora então nomeado reitor deste Liceu). Findos os estudos secundários, ingressou na Universidade de Lisboa . Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras , em 1941, e em Direito (Ciências Jurídicas), na Faculdade de Direito , em 1946.
José Hermano Saraiva em 1948
Hermano Saraiva iniciou a sua vida profissional como professor do ensino liceal, atividade que viria a acumular com o exercício da advocacia . Foi professor do Liceu Passos Manuel e do Liceu Gil Vicente , ambos em Lisboa , e do Liceu da Horta , na ilha do Faial , nos Açores . Em seguida, foi nomeado diretor do Instituto de Assistência aos Menores e reitor do Liceu D. João de Castro (1965).[ 9] Também lecionou no ensino superior, como assistente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina , atual ISCSP .
Depois de ter desenvolvido uma carreira política, na fase final do Estado Novo , com o advento da democracia , José Hermano Saraiva tornou-se numa figura apreciada em Portugal , bem como junto das comunidades portuguesas no estrangeiro , pelos seus inúmeros programas televisivos sobre a história de Portugal , retomando uma ligação que iniciara com a RTP em 1971. Portador de uma enorme capacidade de comunicação,[ 2] tornou-se igualmente numa figura polémica , porque a sua visão da História de Portugal tem sido, por vezes, questionada pelo meio académico.[ carece de fontes ]
Na década de 1980, voltou a lecionar, como professor convidado na Escola Superior de Polícia (atual Instituto Superior de Ciências Policiais e de Segurança Interna ) e na Universidade Autónoma de Lisboa . Foi ainda membro da Academia das Ciências de Lisboa , da Academia Portuguesa da História e da Academia de Marinha , membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo , no Brasil , e sócio honorário do Movimento Internacional Lusófono . Em setembro de 1988, tomou posse como diretor do Diário Popular .[ 10]
Ficou classificado em 26.º lugar entre os cem Grandes Portugueses , do concurso da RTP1 .[ 11]
Tendo falecido em 20 de Julho de 2012, contando 92 anos de idade, em Palmela , onde residia,[ 12] foi homenageado posteriormente com um voto de pesar e um minuto de silêncio pela Assembleia da República , o qual foi aprovado com os votos a favor do PSD , PS e PP , e os votos contra da CDU (PCP e PEV ) e BE .
Durante a sua vida, reuniu uma coleção de arte eclética, composta por objetos arqueológicos, esculturas, talha e pinturas de cariz religioso, sobretudo dos séculos XVI e XVII . Em março de 2018, a coleção foi leiloada, tendo atingido o valor total de 700 mil euros.[ 13]
Atividade política
Apoiante do Estado Novo , foi um dos primeiros inscritos na Mocidade Portuguesa ; mais tarde, foi secretário-geral e relator da Comissão Executiva do II Congresso Nacional da Mocidade Portuguesa.[ 9] Também foi diretor da Campanha Nacional de Educação de Adultos (1959), onde ingressara em 1955.[ 9] Nessa organização iniciou, com a colaboração de Baltasar Rebelo de Sousa , uma edição de livros didáticos de carácter geral (cujas tiragens chegaram a dois milhões[ 14] ) em prol da população já alfabetizada, mas sem acesso à cultura.
Foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa para a Cultura durante o mandato de António Vitorino da França Borges , deputado à Assembleia Nacional entre 1957 e 1961,[ 15] procurador à Câmara Corporativa (1965-1973)[ 16] e Ministro da Educação . Durante o seu ministério, entre 1968 e 1970, enfrentou um dos momentos mais conturbados da oposição ao Salazarismo , com a crise académica de 1969 .[ 17]
Em 1971, um ano depois de ser substituído por José Veiga Simão no governo, passou a exercer o cargo de embaixador de Portugal no Brasil , que exerceu até à Revolução de 25 de Abril de 1974 ,[ 2] tendo-se deslocado para o seu novo cargo numa embaixada flutuante a bordo do navio Gil Eanes , o qual mais tarde salvou da destruição através dum apelo feito num dos seus programas.
Família
A 23 de dezembro de 1944, casou na igreja paroquial de Nossa Senhora das Mercês , em Lisboa, com Maria de Lourdes Bettencourt de Sá Nogueira (Lapa , Lisboa , 16 de maio de 1918 – 28 de setembro de 2017), filha de Rodrigo de Sá Nogueira (Nossa Senhora da Graça , Praia , Cabo Verde , 1892 – 1978), professor de filologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa , leitor da Universidade de Salamanca e sobrinho-neto de Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo , 1.º Barão de Sá da Bandeira , 1.º Visconde de Sá da Bandeira e 1.º Marquês de Sá da Bandeira , e de sua mulher (c. 20 de novembro de 1915) Maria Luísa Rodrigues de Bettencourt, natural de Lisboa (freguesia dos Anjos ).[ 8] Depois de uma viagem memorável que incluiu uma demorada caminhada a pé na neve para atravessar a Serra da Gardunha , devido ao facto de o comboio onde seguia ter ficado sem carvão na estação de Alpedrinha , por conta da crise desta fonte de energia no pós Segunda Guerra Mundial , passou a lua de mel na aldeia das Donas , no concelho do Fundão , de onde era natural a sua família paterna. Tiveram cinco filhos: José, António, Pedro, Paulo e Rodrigo de Sá Nogueira Saraiva.
Era irmão do professor António José Saraiva ,[ 2] que chegou a ser militante do PCP , e pelo qual sempre nutriu uma profunda admiração, apesar das diferenças políticas, e tio do arquiteto e jornalista José António Saraiva . Foi também sobrinho, pelo lado da mãe, de José Maria Hermano Baptista , militar centenário (1895-2002; viveu até aos 107 anos), o último veterano português sobrevivente da Primeira Guerra Mundial .
Condecorações
Obra
História de Portugal , dirigida por José Hermano Saraiva.
D. Duarte e o Fim da Idade Média em Portugal (dissertação de Licenciatura - inédito) (1941)
Rasgando cada qual seu Manto (romance - inédito) (1942)
Vento Vindo dos Montes (contos) (1944)
Uma Carta do Infante D. Henrique (1948)
História Rural Portuguesa (inédito)
O Problema do Contrato: A Crise do Contratualismo e a Construção Científica do Direito Privado (1949)
As Razões de um Centenário (discurso) (1954)
Aprenda a Redigir (1956)
Evolução Histórica dos Municípios Portugueses (1957)
Acção e Doutrinação (1958)
A Revisão Constitucional e a Eleição do Chefe do Estado (1959)
Os Territórios não autónomos e a Carta das Nações Unidas (1960)
Anticolonialismo e Soberania (1961)
O Caso dos Talhantes de Viana (1962)
Progenitura e Paternidade (recurso)
Lições de Introdução ao Direito (1963)
O Constitucionalismo Monárquico e a Política Ultramarina (1963)
Notas para uma Didáctica Assistencial (1964)
A Crise do Direito (1964)
Apostilha Crítica ao Projecto do Código Civil (1966)
A Lei e o Direito (1967)
A Crise da Família e o Problema da Habitação (1967)
Aspirações e Contradições da Pedagogia Contemporânea (1970)
Formação do Espaço Português (1970)
A Pedagogia do Livro (1972)
O Futuro da Pedagogia (1974)
Testemunho Social e Condenação de Gil Vicente (1975)
A Revolução de Fernão Lopes (1977)
Elementos para uma Nova Biografia de Camões (1978)
História Concisa de Portugal (1978)
Outras Maneiras de Ver (1979)
Vida Ignorada de Camões – Uma História que o Tempo Censurou (1980)
Casa Pia de Lisboa 1780-1980 (discurso) (1980)
História de Portugal (1981)
Breve História de Portugal (1981)
Proposta de uma Cronologia para a Lírica de Camões (1982)
Os Factos Essenciais da História de Portugal (1983)
No Centenário de Simão Bolívar (1984)
O Tempo e a Alma – Itinerário Português (1986)
Sessão Solene de Posse do Académico Doutor José Sarney (discurso) (1986)
Evocação de António Cândido (1988)
A Crise Geral e a Aljubarrota de Froyssart (1988)
Diário da História de Portugal (co-autoria com Maria Luísa Guerra) (1988)
Temas de História de Portugal (1989)
Ditos Portugueses Dignos de Memória: História Íntima do Século XVI (1994)
Portugal – Os Últimos 100 Anos (1996)
Portugal Visto do Céu (1996)
Portugal – Sumário Histórico e os Últimos Cem Anos (1996)
Portugal – A Companion History (1997)
A Memória das Cidades (1999)
A Morte de Cícero (teatro) (2001)
História das Freguesias e Concelhos de Portugal (2004)
Álbum de Memórias (2007)
Lugares Históricos de Portugal (2007)
O Que é o Direito? (2009)
Programas de televisão
Referências
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Ligações externas