educadores, Carugate, Irmãs Marcelinas, Paróquia Senhor Bom Jesus e Santa Marcelina (Arquidiocese de Botucatu), Paróquia Santa Marcelina (Diocese de Camaçari).
Santa Marcelina (Roma, c.327 — Roma, c.397) viveu em Mediolano (Milão), cidade da Ligúria e aos vinte e cinco anos recebeu das mãos do Papa Libério o véu da consagração virginal na basílica romana de São Pedro, na festa da Epifânia do Senhor no ano de 353.
Atribui-se a ela a fundação de uma comunidade monástica sob a guia de Santo Ambrósio, seu irmão, Bispo de Milão. É a padroeira das Irmãs Marcelinas, congregação religiosa de origem milanesa dedicada à educação cristã das juventudes e a obras de caridade, fundada em 1838 pelo Beato Luigi Biraghi.
Por seu empenho na educação de seus irmãos menores é invocada como exemplo e protetora dos educadores. O Martirológio Romano recorda sua festa litúrgica no dia 17 de julho.
Biografia
Marcelina nasceu em Roma, provavelmente no ano de 327 e pertencia a família dos Ambrósios[1]. Filha de Aurélio Ambrósio[2], prefeito da Gália, que depois da morte prematura dos pais se dedicou a educação de seus irmãos menores[3]. Seu pai trabalhou como prefeito romano governando aquela região a partir de Augusta dos Tréveros (atual Tréveris)[4], hoje Alemanha. Sua mãe, cujo nome se desconhece, é descrita como uma mulher inteligente e piedosa. A família de Marcelina pertencia a nobreza romana que abraçou a fé cristã, parece confirmado seu parentesco com a gens Aurelia[5]. Nascida no século IV Marcelina cresceu num contexto de grandes transformações culturais. Em 327 se iniciava a construção da catedral de Antioquia[6]. Em 340 seu pai assumiu o cargo de governador e a família se transferiu para Gália, ali permanecendo por alguns anos. Em Tréveris Marcelina passou sua infância e adolescência[7]. Naquele mesmo ano nascia o terceiro filho do casal, que recebeu o nome do pai, Ambrósio. Além disso, a família sofreu a morte precoce do pai ainda naquele ano. Diante disso, a mãe de Marcelina retornou com os três filhos à Roma. Ali, passados alguns anos e antes da jovem completar 20 anos, sua mãe faleceu. Assim, Marcelina assumiu a responsabilidade pela educação de seus irmãos menores. Sátiro e Ambrósio foram confiados a bons e competentes mestres, dedicando-se ambos, com sucesso, aos estudos jurídicos, à literatura e à retórica.
Marcelina recebeu uma sólida formação cristã. Como fruto maduro de seu intenso crescimento espiritual, no dia de Natal, por volta do ano de 353, consagrou-se a Deus na basílica vaticana, recebendo o véu das virgens das mãos do Papa Libério[7]. Marcelina entra no rol das virgens do século IV; tinha diante dos olhos um exemplo de coerência cristã, vivida até o martírio, pois pertencia a mesma família da virgem Santa Sotera, sua parenta, martirizada em 304, durante a perseguição de Diocleciano, que Ambrósio lembra com orgulho e comoção no De Virginibus[8]. Segundo o costume, Marcelina seguiu vivendo em família, compartilhando, porém, a vida de consagração com uma amiga[7]. Santo Ambrósio recorda a consagração de sua irmã e as palavras do Papa Libério no tratado De virginibus, dedicado à sua irmã[9]. A vida de Marcelina, a partir de agora, será totalmente dedicada à oração e ao estudo das Sagradas Escrituras. Muitas jovens desejosas de serem orientadas por ela no conhecimento do Senhor acorriam a sua casa e junto a ela se exercitavam no socorro aos pobres e sofredores. Ao mesmo tempo, Marcelina não descuida da educação humana, cultural e cristã de seus dois irmãos, logo nomeados para importantes cargos públicos. Seus irmãos, Sátiro e Ambrósio, completaram os estudos em direito e retórica e em 365 ambos foram chamados à magistratura junto a Prefeitura de Sírmio. No tempo do imperador Valentiniano I, no ano de 372, Ambrósio é eleito governador de Milão e Sátiro foi nomeado para uma Prefeitura. Dois anos mais tarde, em 374, chega uma inesperada e clamorosa notícia: "Ambrósio foi eleito Bispo de Milão"! Com a morte de Auxêncio de Milão, bispo ariano, seus partidários organizaram-se rapidamente na tentativa de eleger um sucessor. Em virtude de tensões existentes ali Ambrósio foi chamado para apaziguar a situação, dirigiu-se a igreja aonde os seguidores de Auxêncio estavam reunidos com o objetivo de evitar um escândalo, o que era provável, pôs-se a discursar, mas seu discurso foi interrompido por um grito: "Ambrósio, bispo!" Assim, por aclamação popular Ambrósio tornou-se Bispo de Milão, sendo aprovado pelo Papa Dâmaso I. Logo, para auxiliar o irmão em sua nova missão, Marcelina não hesita em acompanhá-lo à sede milanesa e ajudá-lo no que fosse necessário. Para ambos Marcelina foi conselheira e mestra. Paralelamente, continuava sua missão junto as suas companheiras que com ela vieram para Roma.
Em sua vida diária, Marcelina foi além das lições mais perfeitas. Jejuava todos os dias até o anoitecer, e dedicava a maior parte do dia e da noite à oração e à leitura espiritual. S. Ambrósio aconselhou-a, nos últimos anos de sua vida, a que moderasse a sua austeridade e redobrasse as orações, especialmente pela recitação frequente dos salmos, da Oração do Senhor, o Credo, que ele chama de selo do cristão, e de guarda dos nossos corações[10].
No silêncio de uma vida recolhida desenvolveu um intenso apostolado eclesial, participando ativamente das labutas do Bispo Ambrósio, orientou-o a manter-se firme e seguro no serviço da fé e da promoção da justiça. O Bispo era muito grato a seus irmãos, sobretudo, a Marcelina, a quem considerava uma verdadeira mãe. Encantava-o seu modo de proceder e em muitas ocasiões Ambrósio propunha seu exemplo a muitas outras jovens que também eram chamadas por Deus à consagração. Tamanha era a admiração que Ambrósio nutria por sua irmã Marcelina que em sua homenagem e por ela incentivado escreveu uma obra intitulada De Virginibus, exaltando as boas virtudes e a vida de Marcelina, sua querida irmã[11].
Após a eleição de Ambrósio como Bispo Sátiro assumiu toda a parte administrativa dos bens da família, que eram também destinados aos pobres. Assim como Marcelina, Sátiro foi um fiel colaborador em todos os projetos e empreendimentos de Ambrósio. Sátiro foi o primeiro a morrer, no ano de 379.
Ambrósio dedicará um belo sermão em homenagem ao irmão morto. Passados alguns anos, na madrugada do sábado santo, dia 4 de abril de 397, com 57 anos aproximadamente, Ambrósio deixa este mundo. Na rápida enfermidade que lhe abriu as portas do céu Marcelina acompanhou-o até o fim. Tendo assistido à morte dos dois irmãos, por fim, muito esgotada, morreu poucos meses depois de Ambrósio, no dia 17 de julho[12] de 397, com 70 anos. A voz do povo a proclamou santa pela vida tão edificante que levou. Foi sepultada junto a Basílica de Santo Ambrósio.
Em 1722 seus restos mortais foram posteriormente transladados a uma capela erguida em sua homenagem na mesma Basílica. Em homenagem à irmã de santo Ambrósio, em 1838, o Beato Luigi Biraghi e Madre Marina Videmari fundaram o instituto religioso feminino das Irmãs de Santa Marcelina, para a educação de jovens[13].
VIGGIANI, Maria Carmen. Santa Marcellina. Una nobile romana a Milano. Vita, opere e devozione della sorella di S. Ambrogio. Genova: De Ferrari Editore, 2000. ISBN-10: 8871723139/ ISBN-13: 978-8871723136.
Referências
↑PENSO, Maria Silvina. Marcelinas 160 anos: 1838-1998. Rio de Janeiro: Instituto das Irmãs de Santa Marcelina, 1998, pp. 39-43.
↑Greenslade, Stanley Lawrence (1956). Early Latin theology: Selections from Tertullian, Cyprian, Ambrose, and Jerome, Library of Christian classics 5. Westminster: John Knox Press. 175 páginas
↑DE MILÁN, Ambrosio (1999). Sobre las Vírgenes y Sobre las Viudas. Fuentes Patrísticas 12. Madrid: Ciudad Nueva. 15 páginas
↑«327». Wikipédia, a enciclopédia livre. 14 de março de 2013
↑ abcRICCARDI, Andrea; LEONARDI, Carla; ZARRI, G. (2000). Diccionario de los santos. Madrid: San Pablo. 1548 páginas
↑Gianni, Tamara (2011). Seguindos os passos de Santa Marcelina. Guia artístico-espiritual em Milão e na Província. São Paulo: Congregação das Irmãs Marcelinas. pp. 11–12
↑Ambrosius, De virginibus, lib. I, cap. IV, 15; in PL, vol. 16, col. 193.
↑BUTLER, Alban. Vida dos Santos. Vol. VII/julho. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 162.
↑MARCOCCHI, Massimo. Caderno de Estudos VI: Luigi Biraghi e a Congregação das Irmãs Marcelinas. São Paulo: Instituto das Irmãs de Santa Marcelina, 2001.