Craós Nota: Se procura pela língua do ramo timbira, falada pelos craós, veja Língua krahô.
Os craós, craôs, caraôs, krahôs ou caraús[1] são índios jês habitantes do território denominado kraholândia: área que compreende as fronteiras entre os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins, no Brasil. Eles constroem suas aldeias em área circular, dividem-se em grupos políticos e somente há pouco mais de dois séculos entraram em contato com a civilização ocidental.[2] PopulaçãoNo início do século XIX, eles somavam entre 3 500 e 4 000 índios. Nos anos 1970, segundo Julio César Melatti, antropólogo da Universidade de Brasília e especialista nessa sociedade, a população Krahô contava pouco mais de 500 pessoas. O primeiro contato com a civilização ocidental foi conflituoso. Para defender suas terras, lutaram contra os fazendeiros de gado que avançavam do Piauí para o sul do Maranhão. Os krahôs resistiram, até que a necessidade de sobrevivência fez com que sua relação com o homem branco se tornasse pacífica. Esses enfrentamentos foram responsáveis pela redução drástica de sua população, especialmente a partir de 1809, quando, depois de atacar uma fazenda, 70 índios foram feitos reféns e levados para São Luís. Desde 1986, entretanto, a população krahô tem crescido. Já em março de 2007, somavam duas mil pessoas, que buscam dar continuidade aos seus costumes e rituais.[2] Grupos de residênciaA sociedade krahô se divide em grupos políticos conforme as estações da seca e das chuvas. Compartilham a mesma residência três categorias:
As casasAs casas são construídas como as sertanejas, com duas águas, não têm janelas e pouca ou nenhuma divisão interna. São cobertas de folhas de palmeira, que também forram as paredes. No interior da casa, os krahôs usam cestos de folhas de buriti pendurados para guardar mantimentos. Os índios krahôs constroem suas casas formando um círculo, semelhante à torta de Páscoa, como se fosse uma torta cortada em fatias radiais. As casas dispostas lado a lado formam um grande círculo e de cada uma sai um caminho até o centro, chamado de pátio.[2] O pátioO pátio é chamado de ká e representa o coração da aldeia. É no pátio que os homens da tribo se reúnem para dividir o trabalho, discutir e tomar decisões importantes para a comunidade.[2] RituaisEm 1986, a aldeia Krahô protestou contra a doação, ao Museu Paulista, do "machado de pedra de lâmina semilunar" e conseguiu seu retorno à tribo depois de muita disputa. A machadinha de pedra, "khoyré", é o elemento sagrado que simboliza a tradição e a vida. Os ritos se baseiam na crença no "equilíbrio dos opostos". A tribo Krahô celebra a colheita no verão – a "festa da batata (panti)", e comemora a fartura da roça na "festa do milho (pônhê)", considerado sagrado. Cultivam, ainda, mandioca, amendoim e abóbora. Os casais são responsáveis pelo cultivo e preparam a roça para a família. Em caso de separação, a mulher fica com a produção. Depois da colheita, e só então, outros membros da tribo podem utilizar o mesmo local. Pintura no corpoOs Krahôs pintam o corpo com urucum, jenipapo e carvão, conforme padrões estabelecidos por cada grupo. As crianças da tribo e as pessoas em resguardo utilizam, ainda, penas de periquito e de gavião coladas ao corpo.[2] MúsicaA música é uma das manifestações artísticas do krahô. O seu principal instrumento é o "maraca", feito de um fruto chamado "cuité".[2] Corrida de torasA corrida de toras é um rito valorizado pela tribo e conta com a participação de homens e mulheres. Durante a corrida, a comunidade se divide em duas: uma para representar a "metade do sol nascente" e outra a "metade do sol poente". A corrida se realiza depois de caçadas, pescarias e colheitas. A tora vai sendo passada adiante por cada corredor a um outro companheiro.[2] ReferênciasLigações externas
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