Língua yuracaré
O yuracaré (também yurakaré, yuracare, yurakare, yuacare, yurakar, yuracar, yurujuré, yurujare, yurujarey, tabuybu, ta-buybu) é uma língua isolada da Bolívia[2] e um de seus 37 idiomas oficiais.[3] A lingua é falada pelo povo Yuracaré, nativo da Bolívia e localizado principalmente nos departamentos de Beni e Cochabamba,[4] com um total, aproximadamente, de 2.675 falantes.[1] É considerada uma língua ameaçada de extinção.[5] De um ponto de vista morfológico, o yuracaré é uma língua polissintética aglutinante, com um elevado uso de prefixos e sufixos.[6] EtimologiaÉ provável que o nome yuracaré tenha origem na língua quíchua. O termo seria derivado do quíchua yurajqara, que significa "pele branca", uma possível referência à uma doença de pele comum entre os yuracaré que causa a perda de pigmentos. Há também a hipótese de que o nome seja uma combinação de yuraj e qari, quíchua para "branco" e "homem", respectivamente.[7] Entre os falantes de yuracaré, a língua é comumente referida pelo endônimo ta-buybu, literalmente "nossa palavra" ou "nosso idioma".[8][9] Há, ainda, o uso do nome yurujarey ou tabuybu yurujarey, relacionado a yurújare, nome nativo para o povo Yuracaré.[9] DistribuiçãoA população yuracaré está presente nos departamentos de Cochabamba (56%), Beni (41%), Santa Cruz (2%) e La Paz (0.8%), na Bolívia. As províncias com a maior concentração de yuracarés são Chapare (40%), Moxos (22%), Carrasco (19%) e Marbán (13%), com um total de 90% da população.[4] Atualmente, predomina nas comunidades yuracarés o bilinguismo yuracaré-castelhano, com o crescimento do monolinguismo em castelhano devido a uma queda da transmissão intergeracional da língua, já aparente principalmente em jovens e crianças, em um processo de castelhanização.[10] Em 2007, de um total de 3.333 membros do povo Yuracaré, apenas 2.675 falavam a língua.[1] HistóriaOs estudos feitos sobre a história yuracaré têm como fontes principais relatos coloniais.[11] A primeira menção conhecida do povo data do século XVI (1584). Nela, o nome "yuracale" é utilizado para se referir a um grupo indígena que seria aliado dos guaranis (chiriguanos), além de outros povos indígenas. Entre eles, estão inclusos falantes da língua quíchua, o que, somado à condição da língua quíchua como língua franca durante parte do período pré e pós-Colombiano, intensificada com a expansão do Império Inca, seria uma possível explicação para a origem quíchua do nome "yuracaré".[12][13] O primeiro estudo dedicado à língua yuracaré foi feito em 1893 pelo padre franciscano La Cueva.[14] ClassificaçãoHá pequenas variações léxicas e fonológicas entre diferentes grupos yuracarés, mas não há um consenso se são suficientes para a classificação do idioma em dialetos distintos.[15] Apesar de ser possível traçar paralelos entre o yuracaré e outras línguas sul-americanas, como comparações lexicais com o mosetén-tsimane, não há evidências suficientes para a inclusão do yuracaré em um grupo linguístico, sendo ele considerado um idioma isolado ou não-classificado.[2] Comparações lexicaisAs semelhanças entre o yuracaré e o mosetén-tsimane são consideradas evidências de que populações falantes dessas línguas teriam participado de uma esfera de interação durante a pré-história:[16]
FonologiaO yuracaré possui 7 fonemas vocálicos e 18 fonemas consonantais:[17]
As vogais são pronunciadas de maneira mais curta quando em sílabas fechadas e de maneira mais longa quando em sílabas abertas. Além disso, o fonema ɨ é pronunciado como [y] por alguns falantes.[18]
A plosiva glotal se encontra entre parênteses porque sua pronúncia não é obrigatória. Ela ocorre apenas entre duas vogais idênticas e não é representada na linguagem escrita.[19]
TonicidadeNo yuracaré, a sílaba tônica é sempre a penúltima ou a antepenúltima sílaba de cada palavra.[21] Como regra geral, da esquerda para a direita, a cada duas sílabas a segunda sílaba recebe ênfase, em um modelo iâmbico, com exceção da última sílaba, que nunca recebe ênfase. Quando duas ou mais sílabas recebem ênfase, a sílaba mais à direita recebe a ênfase principal.[22]
Certos prefixos sempre recebem ênfase, como os prefixos de posse no plural (ta-, pa- e ma-), o que pode fazer com que a alternância entre sílabas átonas e tônicas passe a ocorrer a partir da primeira sílaba da palavra.[23]
Palavras com raízes monossilábicas, que são raras no yuracaré, têm sua vogal final duplicada em situações nas quais receberiam a ênfase principal. Com isso, passam a ser dissilábicas, recebendo ênfase em sua primeira sílaba. Como exemplo, há a palavra pa, que significa "irmão mais novo de um homem":[24]
Como exceção, há também o fato de que sílabas terminadas em consoantes, consideradas pesadas, sempre recebem ênfase (ex.: púy.da.ra, um ancestral do jaguar), além de que certas palavras não se comportam seguindo essas regras (ex: tá.li.pa, que significa "galinha"), entre outros casos específicos.[25] Na ortografia oficial do yuracaré, a sílaba tônica não é representada quando se encontra na penúltima sílaba, por se tratar do caso mais comum, enquanto o acento agudo (´) e o acento circunflexo (^) são utilizados para indicar a sílaba tônica em outras posições. O acento agudo é utilizado para indicar tonicidade em a, e, i, o e u, enquanto o acento circunflexo exerce essa função substituindo o trema em ë e ü.[25] FonotáticaO yuracaré segue a estrutura (C)V(C) (C=consoante, V=vogal) para suas sílabas. Sendo assim, as sílabas podem ser do tipo V (como em a.si.bë, que significa "sua casa"), CV (ba.tay, "me vou"), VC (ti.ap.ta, "meu parente") ou CVC (mi.bash.ti, "sua esposa"). As consoantes t, k, ch, b, d, dy nunca se encontram nas posições finais de um sílaba, isto é, na posição coda.[26] OrtografiaDiferentes propostas para a ortografia da língua yuracaré foram feitas ao longo da história de seus estudos, todas as quais utilizaram o alfabeto latino.[27] Em um encontro feito em 2007, representantes do povo yuracaré estabeleceram um alfabeto oficial igual ao alfabeto proposto por Gijn em 2006.[26]
ɲ (representado por ñ) é como o "nh" em manhã. dʲ (atualmente representado por dy) é como o "d" no espanhol radio ou como o "d" em "incêndio" no português europeu. t͡ʃ (representado por ch) é como o "tch" em "tchau". ɹ̝ (representado por r) é como o "r" no inglês round em alguns dialetos urbanos da África do Sul apical, próximo ao "r" em "arara".
ɨ (atualmente representado por ü) é como o "e" na palavra "pegar" em alguns dialetos do português europeu. æ (atualmente representado por ë) é como o "al" em half no inglês americano, próximo ao "é" em "pé". A proposta de Gijn teve como objetivo simplificar a ortografia do Yuracaré e distanciá-la de regras de grafia do castelhano. Enquanto /w/ era escrito como "v" no início de sílabas e como "u" no final de sílabas na proposta de La Cueva, e Day e Ribera et al. utilizavam "hu" e "u", respectivamente, para essas posições, Gijn utiliza o símbolo "w" para ambos os casos. As diferentes grafias para /k/, /j/, /ʃ/ e /æ/ são também substituídas por símbolos únicos.[27] GramáticaPronomesNo yuracaré, os pronomes podem ser classificados como pessoais ou demonstrativos, com exceção de ama, um pronome interrogativo.[28] Pronomes pessoaisHá quatro pronomes pessoais no yuracaré:[29]
Ao contrário da maioria dos substantivos e de outros pronomes do yuracaré, os pronomes pessoais têm limitações quanto ao processo de derivação. Além de serem os únicos nomes com um plural não cognato, em um caso de supletismo, apenas os afixos -jti (limitante) e -shku(ta) (adverbializante) podem ser utilizados.[30]
Em casos em que é possível inferir os pronomes pessoais, eles podem ser omitidos, no que é conhecido como anáfora zero, o que classifica a língua como pro-drop.[30]
Não há pronomes referentes especificamente à terceira pessoa, mas esta pode ser indicada a partir de pronomes demonstrativos.[30] Pronomes demonstrativosO yuracaré possui 3 pronomes demonstrativos básicos: ana, naa e ati. Geralmente, ana é utilizado para se referir a objetos próximos ao emissor, como "isto", no português, ou objetos distantes quando indicados por gestos corporais; naa é utilizado para se referir a objetos distantes, principalmente quando não podem ser vistos pelos interlocutores; e ati indica objetos próximos ao receptor, além de outras distâncias. No entanto, na prática, há muitas situações em que esses pronomes são intercambiáveis.[33]
Diversos processos de derivação se aplicam aos pronomes demonstrativos, com certos afixos específicos a um ou dois dos pronomes.[35] Por exemplo, o prefixo l- pode ser adicionado a ana e a ati, o que restringe o sentido desses pronomes para uma anáfora ou catáfora do termo ou ideia que se encontram logo antes ou depois de sua posição. Para o pronome ana, junto a l- pode ser adicionado o sufixo -y, formando lani, que possui um sentido mais restritivo do que ani (semelhante à diferença entre "aqui" e "bem aqui").[36]
Ana, (l)ati e naa podem indicar sujeitos e objetos na terceira pessoa do singular, enquanto as formas (l)atiw, anaw, naaw, formadas com a adição do sufixo pluralizador =w , têm a mesma função para a terceira pessoa do plural.[38]
Pronome interrogativo amaHá apenas três palavras interrogativas simples no yuracaré: ama (equivalente a "qual" ou "quem"), ëshë ("por que" ou "por quê") e tëtë ("o que" ou "o quê"). Dentre elas, apenas ama comporta-se como um pronome, podendo formar outras palavras interrogativas a partir da adição de sufixos:[39]
SubstantivosNúmeroO número de substantivos no yuracaré tem como possibilidades o singular e o plural, cuja determinação segue um de três modelos a depender da palavra. Para a maioria dos substantivos, o singular não possui uma marcação, enquanto o plural é indicado pelo sufixo =w (ex.: shunñe, "homem", e shunñe=w, "homens"). Ocorre, também, o inverso, com substantivos cujo singular é acompanhado do sufixo =w, enquanto o plural geralmente não o possui. (ex.: kamisa=w, "camisa" e kamisa, "camisas"). Além disso, há substantivos que não admitem a adição de =w, com singular e plural idênticos (ex.: sibbë, "casa" ou "casas").[41] PosseA marcação de posse no yuracaré é feita a partir da adição de prefixos no substantivo:[42]
Substantivos que se referem a animais grandes necessitam também da palavra tiba para a marcação de posse, que recebe o sufixo em vez do substantivo e traz a ideia de domesticação (ex: ti-tiba talipa, que significa "minha galinha" ou "minha galinha de estimação").[43] Algumas sensações, como fome e raiva, são também expressas a partir de marcadores de posse:[43]
Outras derivaçõesVários outros afixos podem ser adicionados a substantivos para alterar seus significados:[44][45]
Há também o sufixo -tA, cuja vogal assimila-se à vogal que a antecede: nos casos de /a/, /æ/, /o/ e /e/, torna-se igual, e nos casos de /i/, /ɨ/ e /u/, torna-se a vogal "a". O mesmo sufixo é também utilizado em verbos para indicar a voz média.[46] Em substantivos, forma novos substantivos a partir de associação (relacionada a contexto), extensão metafórica ou posse prévia:[47]
Associação:
Extensão metafórica:
Posse prévia:
AdjetivosOs adjetivos no yuracaré podem ser subdivididos em adjetivos qualificativos e quantificativos.[48] Adjetivos qualificativosGeralmente, os adjetivos qualificativos são utilizados como predicados, podendo ser separados em sete categorias:[48]
Todas as categorias podem ser marcadas com o sufixo ‐nñu (diminutivo) ou com o sufixo ‐lë (superlativo), ou passar por um processo de reduplicação, com o uso de sua primeira ou duas primeiras sílabas, seguidas por j, como um prefixo, o que intensifica o significado do adjetivo.[49]
Adjetivos quantificativosEntre os adjetivos quantificativos mais comuns, estão:[51]
Os mesmos marcadores utilizados em adjetivos qualificativos também podem ser utilizados em adjetivos quantificativos.[49]
Numerais também podem ser incluídos na categoria de adjetivos quantificativos.[53] VerbosTempoNo yuracaré, os possíveis tempos verbais são passado, presente e futuro. O futuro é indicado pela adição do sufixo -shta no verbo, enquanto a diferenciação entre passado e presente depende de contexto e/ou marcadores de modo e aspecto.[54] O futuro indicado por -shta pode ser absoluto, definido em relação ao momento da enunciação, ou relativo, definido em relação a outro evento ou ponto no tempo.[55]
Absoluto:
Relativo:
O sufixo -shta não é necessário para construções que indicam contrafactualidade.[57]
VozNo yuracaré é possível indicar a voz média e causativos a partir, respectivamente, do uso do sufixo -tA (cuja vogal se aproxima da vogal que a precede) no verbo da oração e de uma modificação da terminação do radical do verbo.[58] A voz média engloba o reflexivo, o recíproco e o passivo sem agente.[32]
Reflexivo:
Recíproco:
Passivo sem agente:
O causativo pode ser indicado pela substituição da terminação ta presente em alguns verbos por che ou por sua primeira sílaba, pela troca da última vogal do verbo, pela adição do verbo ibëbë/bë, entre outras maneiras, sendo que cada verbo admite apenas uma opção. Quando indicado, o causativo significa que o sujeito é responsável por causar uma mudança de estado em algo ou por fazer com que algo ou alguém faça ou se torne alguma coisa.[59]
AspectoHá quatro marcadores de aspecto no yuracaré:[57]
O aspecto incompletivo, indicado com a junção do afixo a- a um verbo, define uma ação como incompleta ou como em andamento.[60] O marcador pode também indicar que um evento está incipiente, ou até mesmo marcar o aspecto perfectivo em determinados contextos.[64] O aspecto habitual significa que uma ação ocorre habitualmente ou frequentemente, sendo indicado apenas em frases que estão no passado ou presente.[65] O marcador -nishi aponta para um momento logo antes de um evento, enquanto o marcador -lë indica um momento logo após um acontecimento. Assim, definem, respectivamente, os aspectos quase completivo e completivo recente.[62] Há também o aspecto imperfectivo, que pode ser dividido entre dois sub-aspectos: processos contínuos e processos repetidos, ambos os quais podem ser indicados a partir da repetição do predicado.[60]
NúmeroNo yuracaré, o número verbal pode remeter à quantidade de participantes da ação expressa pelo verbo ou à quantidade de ações/eventos.[66] Quando um verbo se refere a uma ação que ocorre múltiplas vezes, isso pode ser indicado pelo marcador de plural i-, que se torna y- quando precedido por uma vogal. Comumente, está também presente o sufixo -uma/-wma ou um sufixo reduplicativo, que indicam uma distribuição igualitária.[67]
Alguns verbos possuem formas supletivas diferentes a depender de seu número de participantes, podendo indicar singular ou plural. Nesses casos, o número de participantes se refere ao sujeito em verbos intransitivos, enquanto o número se refere ao objeto em verbos transitivos.[68]
ModoHá seis marcadores de modo no yuracaré:[70]
O modo intencional, marcado por -ni, indica que uma ação ou estado futuros são a realidade esperada.[63] O modo potencial, marcado por -ta, indica que um evento expresso no predicado é uma possível realidade.[61] O modo desiderativo, marcado por -nta, expressa um desejo de fazer ou ser alguma coisa.[71] O marcador -cha, que não pode ser utilizado em verbos na primeira pessoa, expressa um desejo por parte do comunicador em relação à uma ação realizada por outro, na forma de um comando, pedido ou como um incentivo para que a ação seja realizada, o que classifica o modo jussivo.[71] PessoaNo yuracaré, as pessoas do discurso são referenciadas a partir de afixos no verbo. Para o sujeito, são utilizados sufixos, e para os objetos, são utilizados prefixos.[72]
Não há distinção entre a 1ª pessoa do plural inclusiva e exclusiva, assim como não há uma distinção entre gêneros.[74] Com exceção da terceira pessoa do singular, os marcadores de objeto são idênticos aos marcadores de posse presente em substantivos.[75] Derivação de GrauÉ possível marcar uma maior intensidade no verbo, isto é, um grau alto, a partir do uso da primeira ou das duas primeiras sílabas de sua raiz, seguidas por j, como um prefixo, em um processo de reduplicação. Isso pode atribuir o grau superlativo ao predicado, ou dar ênfase ao predicado, em eventos considerados intensos ou graves.[76]
O sufixo -mashi indica um grau limitado e é geralmente equivalente aos advérbios "pouco" ou "meio". Quando em frases negativas, -mashi intensifica a negação.[78]
Derivação de categoriaA partir de um processo morfológico de derivação, verbos também podem ser utilizados como substantivos, adjetivos e advérbios com a adição de sufixos.[79]
SentençaOrdem da fraseNo yuracaré, a ordem de predicados e seus argumentos é flexível, o que dificulta o estabelecimento de uma ordem básica para as palavras.[80] Na maioria dos casos, o verbo antecede o sujeito, enquanto o uso do sujeito antes do verbo indica algum tipo de ênfase. Não há uma preferência para o posicionamento do objeto antes ou após o verbo, sendo que ambos os casos ocorrem em proporções iguais. Sendo assim, as ordens mais comuns são VSO (verbo-sujeito-objeto) e OVS (objeto-verbo-sujeito), sendo que SVO (sujeito-verbo-objeto) e VOS (verbo-objeto-sujeito) também são frequentes.[81]
VSO:
OVS:
No entanto, é provável que SOV (sujeito-objeto-verbo) e OSV (objeto-sujeito-verbo) não sejam construções possíveis, presumivelmente como consequência da tendência no yuracaré de se ter no máximo uma palavra antes do verbo. Há casos em que o verbo se encontra na terceira posição de uma frase, mas apenas quando a primeira palavra tem o papel de estabelecer contexto, sendo semelhante a uma preposição.[82]
Além disso, palavras interrogativas sempre se posicionam no início de sentenças, independentemente de seus papéis semânticos ou sintáticos.[81] AlinhamentoO yuracaré é uma língua nominativa-acusativa, o que se evidencia na maneira como sujeitos e objetos são marcados. Em um verbo transitivo, o sujeito (A) e o objeto (O) são marcados, respectivamente, pela adição de um sufixo e de um prefixo no verbo, que concordam em número e pessoa com o argumento a que se referem. Para verbos intransitivos, também são utilizados sufixos para se referir ao sujeito (S). Sendo assim, os sujeitos de verbos transitivos e intransitivos recebem o mesmo tratamento, que é diferente do tratamento do objeto (S e A ≠ O).[83] No entanto, há um pequeno número de verbos com características ergativas-absolutivas em relação à concordância em número. Isso ocorre nos verbos que possuem formas supletivas diferentes a depender de seu número de participantes, sendo que esse número se refere ao sujeito em verbos intransitivos (S) e ao objeto em verbos transitivos (O). Portanto, nesses casos, o sujeito de verbos intransitivos e o objeto se encontram na mesma categoria, separada da categoria do sujeito de verbos transitivos (S e O ≠ A).[84] Frases negativas e interrogativasFrases negativas são marcadas pelo advérbio de negação nish (ou nij) ou pela forma nij-ta (negação de existência em voz média). Nish/nij geralmente precedem o predicado que negam, enquanto nij‐ta funciona como um predicado.[85]
As frases interrogativas podem ser divididas entre perguntas de sim ou não e perguntas formadas a partir do uso de palavras interrogativas.[87] As perguntas de sim ou não são estruturalmente idênticas a sentenças declarativas, apenas com diferenças em tom. Para indicar que uma frase é uma pergunta de sim ou não, a última sílaba tônica da frase ganha um tom mais alto (às vezes representado em itálico).[87]
VocabulárioSegue uma transcrição e tradução de uma versão curta da narrativa Ayma Shunñe, um texto mitológico da cultura yuracaré que narra um episódio em que um incêndio teria matado todos os yuracarés com exceção de um irmão e uma irmã.[88]
Numeração
Fontes mais antigas também listam palavras para os números de 5 a 11, 20, 50 e 100. Porém, com o tempo, eles foram perdidos e substituídos por numerais em espanhol.[89] Ver tambémReferências
Bibliografia
Information related to Língua yuracaré |