Estação Ferroviária de Espinho Nota: Este artigo é sobre a estação na Linha do Norte. Se procura a estação terminal da Linha do Vouga, veja Estação Ferroviária de Espinho - Vouga.
A estação ferroviária de Espinho (oficialmente, o apeadeiro de Espinho;[1] até 1951 a sua secção de via estreita identificada como de Espinho-Praia)[3][4] é uma interface da Linha do Norte, que serve a cidade de Espinho, em Portugal. A edificação atual, que entrou ao serviço em 4 de Maio de 2008, é maioritariamente subterrânea e substituiu antiga estação, de tipologia convencional.[5] DescriçãoLocalização e acessosA estação ferroviária de Espinho situa-se no centro da localidade com o mesmo nome, tendo acesso pela Avenida 8.[6] InfraestruturaNo Diretório da Rede de 2017, publicado pela empresa Infraestruturas de Portugal em 10 de Dezembro de 2015, a estação de Espinho aparece com a classificação A[7] (apeadeiro).[8] Como apeadeiro numa linha de via dupla, esta interface apresenta-se nas duas vias de circulação (I e II) cada uma acessível por plataforma — ambas com de 300 m de comprimento e 90 cm de altura,[2] configuração assaz reduzida em comparação com a de décadas anteriores.[9] Apesar da configuração das vias que servem a gare não ter qualquer apetrecho para além da sinalização vertical, o que lhe confere a classificação singela de apeadeiro, a tipologia oficial de Espinho, fruto do grande número de passageiros a que atende, é a mais elevada (A),[2] tendo sido aumentada em 2022 do valor anterior (B).[10] Inserção na Linha do VougaEntre 1908[11] e 2004,[12] esta estação serviu como ponto de interface da Linha do Norte (bitola ibérica) com a Linha do Vouga (bitola métrica) e como terminal desta,[9] sendo enquanto tal conhecida originalmente como Espinho-Praia.[3][4]
O ponto fulcral da Linha do Vouga é a estação de Sernada,[11] onde a linha oriunda de Aveiro se bifurca — seguindo para Viseu, à direita, e para Espinho, à esquerda.[4] No entanto, desde a fase de planeamento (década de 1890)[13] até 1992,[14] a nomenclatura das linhas contrariava a sua topologia, designado-se o trajeto Espinho-Viseu (incl. infleção em Sernada) como Linha do Vouga, sendo o segmento remanescente (Aveiro-Sernada) identificado como Ramal de Aveiro. Só em 1992 foi esta nomenclatura retificada,[14] passando a designar-se Linha do Vouga o trajeto contínuo Espinho-Aveiro, ficando o restante segmento, Viseu-Sernada (entretanto extinto em 1990),[15] com o nome Ramal de Viseu;[1] no entanto, a igualmente já extinta Linha do Dão (S.C.Dão-Viseu) foi também integrada sob esta nóvel designação.[1] ServiçosA estação é utilizada por serviços Alfa Pendular, Intercidades, Regionais e urbanos da operadora Comboios de Portugal.[6][16][17] HistóriaInauguraçãoA estação de Espinho encontra-se no troço entre Vila Nova de Gaia e Estarreja da Linha do Norte, que foi inaugurado pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses em 8 de Julho de 1863.[18] Ampliação da estaçãoEm Março de 1898, previam-se obras para ampliar esta estação, com a reconstrução e alargamento do edifício principal, que se tinha tornado insuficiente para a procura; com efeito, Espinho tinha-se tornado um importante centro de turismo balnear, recebendo um grande número de visitantes estrangeiros e do Norte do país.[19] O edifício de passageiros situava-se do lado poente da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Campanhã).[20][21] Século XXLigação à Linha do VougaDois alvarás, de 11 de Julho de 1889 e 23 de Maio de 1901, autorizaram Francisco Frederico Palha a construir uma linha entre Torredeita, na Linha do Dão, e Espinho, com um ramal até Aveiro.[11] Em 1895, já o ponto inicial tinha sido alterado para Viseu.[22] O projecto foi aprovado por uma portaria de 30 de Outubro de 1903, e o primeiro troço da Linha do Vale do Vouga, de Espinho a Oliveira de Azeméis, foi inaugurado a 21 de Dezembro de 1908.[11] A Compagnie Française pour la Construction et Exploitation des Chemins de Fer à l'Étranger, construtora da Linha,[11] organizou um comboio especial para a cerimónia,[23] que teve a presença do rei D. Manuel II.[24][25] A rede do Vouga, de Viseu a Espinho e Aveiro foi concluída com a abertura do troço entre Termas de São Pedro do Sul e Moçâmedes, em 5 de Fevereiro de 1914.[26] Em 28 de Agosto de 1902, a Companhia Real instituiu, a partir do dia 1 de Setembro, uma paragem de um minuto nesta estação, dos comboios expressos entre o Porto e Lisboa-Rossio.[27] Em 1903, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses ordenou que fossem instalados, nesta interface, semáforos do sistema Nunes Barbosa, devido ao bom desempenho que este equipamento teve noutras estações.[28] Em 20 de Outubro de 1906, foi duplicado o troço de Esmoriz a Espinho,[29] e deste ponto até Estarreja em 26 de Novembro do mesmo ano.[30] Em 1910, previa-se a construção de uma variante à Linha do Norte na zona de Espinho, com receio dos prejuízos que o avanço do oceano poderia fazer.[31] Em 1932, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses abriu um poço nesta estação.[32] Em 21 de Dezembro de 1933, realizou-se um comboio especial de via estreita entre Aveiro e Espinho, para celebrar o 25.º aniversário da inauguração da Linha do Vouga; a estação de Espinho foi decorada para o evento, e foi descerrada uma placa comemorativa.[33] Em 5 de Fevereiro de 1949, entraram ao serviço novas carruagens Schindler nos comboios entre Braga, Porto e Espinho; no primeiro comboio entre o Porto e Espinho, viajaram individualidades da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e do estado, e representantes do turismo e da imprensa.[34] Um diploma do Ministério das Comunicações de 4 de Janeiro de 1951 ordenou que a estação de Espinho-Praia, que era o terminal da Linha do Vouga, fosse fundida com a estação principal de Espinho, nessa altura situada ao PK 317+102 da Linha do Norte.[3] Na década de 1980, esta estação apresentava sete vias de circulação e treze vias secundárias, das quais respetivamente três e seis em bitola métrica.[9] Século XXINo programa de modernização da Linha do Norte, apresentado pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses em 1988, estava prevista a construção de uma nova gare em Espinho.[35] Nos princípios do Século XXI, foi iniciado um projecto de enterramento do troço da Linha do Norte no interior da cidade de Espinho, incluindo a gare ferroviária.[36] Desta forma, em Julho de 2004, foi encerrado o troço da Linha do Vouga até Espinho-Vouga.[12] A demolição do edifício de passageiros teve lugar na madrugada de 22 de Março de 2007, após a passagem do último comboio, tendo sido igualmente destruída a passagem pedonal subterrânea sob a estação, ornamentada com azulejos alusivos à história da localidade.[37] A nova gare, com estatuto de apeadeiro,[1] entrou ao serviço na madrugada do dia 4 de Maio de 2008.[5] Cerca de um ano após a inauguração da nova estação, o terreno ocupado pela antiga gare começou a ser alvo de obras de requalificação, estando projectada a instalação de vários largos e praças, destacando-se as Praças do Casino, que teria relvados e espelhos de água, e da Senhora da Ajuda, em frente da capela, onde seriam construídos um posto de turismo e um coreto.[38] Os comerciantes da zona criticaram o atraso no arranque das obras, alegando uma quebra na procura após o encerramento da antiga estação.[38] Em 2010, o presidente da Junta de Freguesia de Espinho, Rui Torres, criticou o Plano de Emergência Integrado do Túnel e Apeadeiro de Espinho, uma vez que os acessos de emergência previstos naquele documento eram apenas escadas, além que apenas existiam saídas de emergência de um dos lados do túnel, complicando a evacuação de pessoas com mobilidade reduzida, crianças e idosos.[39] Referências literáriasNo primeiro volume da obra As Farpas, Ramalho Ortigão (1873~1882), é descrita a passagem pela estação de Espinho, numa viagem de Santa Apolónia a Campanhã:
No romance Emigrantes, de Ferreira de Castro (1928), o autor descreve a transição, em Espinho, de um comboio da Linha do Norte para outro da Linha do Vouga:
Ver também
Referências
Bibliografia
Leitura recomendada
Ligações externas
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